Em meio a 500 aulas por dia, pressão do vestibular, preocupação com os grandes problemas dos mais próximos e à inacabável sensação de "não estou estudando o suficiente", me aparece uma figura de cabelos descoloridos, seis argolas de ouro saltando por cada orelha, um pequeno brilhante no nariz e uma coleção

Fernanda se vira e sorri, Lígia tem vergonha. Eu me sinto quase afrontado, mas sou bem educado e sociável. Eis que travamos uma conversa onde a velha senhora nos conta sobre o seu antigo colégio e como o padre-diretor descobriu que ela e suas amigas cabulavam aula para visitar o cinema ao lado. Também disse às meninas que casamento não era nenhum conto de fadas e que seus filhos sempre gostaram de estudar mais que ela, um era físico e o outro matemático! Quem diria.
Não é querendo reclamar não, mas não é justo e eu não acredito que essa (para não dizer coisa pior) seja a melhor época da minha vida. Só posso crer que trate-se de uma pessoa que não realizou seus sonhos e é quando vejo que não devo fazer o que me diz: aproveitar bem enquanto posso, mas me empenhar para tornar meus sonhos reais e assim extender essa tal felicidade por muitos e muitos anos.
Por enquanto, vou me fudendo e temendo os infortúnios como gato temendo água.